Caderno The People 1

SEGURANÇA - Olhares do Estado, Academia, Sociedade, Empresas e Trabalhadores 

APRESENTAÇÃO
Os Cadernos The People (CTP) tem foco nas pessoas e é uma das publicações da Revista Segurança Comportamental (RSC). A sua existência prende-se com a partilha e difusão de conhecimento técnico-científico sobre as pessoas enquanto parte integrante dos sistemas que tenham como objetivo um ambiente social melhor. Em primeira instância por inerência temática surge o sistema de segurança, no entanto também todos os outros sistemas onde a vertente comportamental é considerada e determinante são fundamentais, como por exemplo, no sistema de saúde, de qualidade, de ambiente, de responsabilidade social, de recursos humanos, etc. Este CTP número 1 é parte integrante da Revista Segurança Comportamental (Edição n.º 11), tem origem pelo facto de uma franja dos leitores da RSC solicitar o desenvolvimento de alguns temas, indo ao encontro dos interesses também de alguns autores. A estrutura do CTP 1 sobre Segurança foi pensada por forma a ajudar a criar e moldar os comportamentos em prol de um ambiente social mais seguro. Neste sentido serão tratados os temas de Segurança Interna, Segurança Alimentar, Segurança na Escola, Segurança na Estrada, Segurança no Trabalho e Segurança da Informação, de forma que o indivíduo social seja confrontado com um alinhamento de mudança de valores no sistema social completo. São apresentados os olhares das seguintes partes interessadas: Estado, Academia, Sociedade, Empresas e Trabalhadores.

JOÃO MILHANO (Vogal do Conselho Editorial da Revista Segurança Comportamental em representação da PSP - Polícia de Segurança Pública)

A segurança interna é a atividade desenvolvida pelo Estado para garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, proteger pessoas e bens, prevenir e reprimir a criminalidade e contribuir para assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas, o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos e o respeito pela legalidade democrática.” (Cfr. N.º 1 da Lei n.º Lei n.º 53/2008, de 29 de agosto – Lei de segurança interna)

CARLA RODRIGUES PINTO (Autoridade Nacional de Aviação Civil)

Responsável pelo Gabinete de Facilitação e Segurança da ANAC e Inspetora de segurança da aviação civil, pela Comissão Europeia. É mestranda em Relações Internacionais, pelo ISCSP, em desenvolvimento de dissertação sobre “A (re)invenção do terrorismo e o impacto na segurança (security) da aviação civil na Europa”. Diz à Revista Segurança Comportamental que a segurança da aviação civil assiste a novos desafios, a segurança do lado terra e a insider threat, caracterizada pela radicalização globalizada, pela vulnerabilidade do fator humano e pelo valor estratégico. Os Estados devem ter uma visão global dos vários setores dos transportes, mas materializada no valor estratégico de cada. O incremento, e melhoria constante, do nível de segurança da aviação civil assenta no desenvolvimento de uma cultura securitária nas empresas e na partilha de informação relevante com os serviços do Estado, sempre com o foco na prevenção. O fator humano é permeável ao risco da insider threat, será através de uma cultura organizacional assente na cultura securitária que colmatará esse risco.

RUI COSTA FONTE (Infraestruturas de Portugal, SA)

Subintendente da PSP, é atualmente Diretor do Departamento de Security na empresa Infraestruturas de Portugal (IP), SA. É licenciado em Ciências Policiais, pelo ISCPSI. Diz-nos que as dificuldades financeiras, particularmente motivadas pelo desemprego e pelas desigualdades socioeconómicas, assim como, o fanatismo e radicalismo religioso são os principais obstáculos da segurança interna. Em 2017, Portugal foi considerado um dos três países mais pacíficos do mundo. No entanto, os portugueses estão pouco sensibilizados e disponíveis para investir e treinar a segurança. A sensibilização do fator humano, em matéria de segurança (security), ainda, tem muito caminho a percorrer. Os empresários portugueses, dos setores críticos, desempenham um papel relevante na segurança interna. A segurança da informação, a cibersegurança, tem, atualmente, uma grande oportunidade de crescimento, já que os ciberataques constituem uma especial ameaça ao tecido empresarial.

CÉSAR PETRÓNIO AUGUSTO (Larga Experiência como Diretor de Manutenção na Indústria Alimentar. Engenheiro Mecânico pelo Instituto Superior Técnico. Vogal do Conselho Editorial da Revista Segurança Comportamental.)

Parece unânime a análise da evolução nacional em termos de Segurança Alimentar. Se há alguns anos atrás, a necessidade de melhorar nesta área era colocada em segundo plano e os progressos alcançados eram lentos e conseguidos, quase sempre, através do “motor da fiscalização”, a verdade é que hoje todos nos sentimos mais seguros e satisfeitos em consumir alimentos que são produzidos, confecionados e disponibilizados ao consumo em Portugal.

PEDRO PORTUGAL GASPAR (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica)

O Inspetor-Geral da ASAE, diz à Revista Segurança Comportamental que o estado da segurança alimentar a nível mundial e europeu não é comparável porque dois terços da população mundial sofrem de carências alimentares. A nível global, o maior obstáculo será em termos de food security, um assunto na ordem do dia na UE e países desenvolvidos. Afirma que o grande desafio passa pela harmonização e sensibilização dos países em vias de desenvolvimento com o suporte da UE e dos seus parceiros nesta área. Em Portugal, a segurança alimentar encontra-se no mais elevado patamar de desenvolvimento. O consumidor português é cada vez mais exigente, instruído e conhecedor. O Estado aposta em várias frentes, entre estas está a educação/formação das crianças, jovens e população no geral, sensibilizando para as questões da cadeia alimentar, questões ambientais e não desperdícios. Os empresários portugueses encontram-se absolutamente alinhados e são um exemplo de sucesso. Os trabalhadores encontram-se sensíveis para o cumprimento das regras, contribuindo para um produto mais seguro e também para a sua própria felicidade. A mensagem deixada é de confiança na realidade atual.

JORGE SARAIVA (Universidade de Aveiro)

Licenciado em Bioquímica, doutorado em Biotecnologia, é atualmente investigador auxiliar do departamento de química da Universidade de Aveiro. É diretor da licenciatura em Biotecnologia. Diz à Revista Segurança Comportamental que a nível global existe o desafio de se proceder a uma maior harmonização para padrões de segurança alimentar mais elevados. Ao nível de “safety” considera que Portugal está entre os melhores a nível internacional. Quanto a “security”, as soluções são a nível global e de forma partilhada. No entanto, penso que a necessidade da “security” a nível alimentar é menos percetível para os consumidores. Para melhorar ainda mais a cultura de segurança alimentar em Portugal é necessário criar mais confiança entre os vários atores que estão envolvidos em garantir a segurança alimentar, desde o consumidor, entidades de segurança alimentar, empresas, entidades de defesa do consumidor. O Estado pode apostar na melhoria de mais comunicação, flexibilidade e formação. Sem a vital participação dos trabalhadores, todo o trabalho feito a “montante” nas empresas, nas instalações, será basicamente em vão. O fator humano é imprescindível! 

ANA CRISTINA TAPADINHAS (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor)

Licenciada em Direito, assume em 2003, as funções de Coordenadora do Departamento de Estudos e Apoio ao Consumidor da DECO. Atualmente é Diretora-Geral da DECO e representante dos consumidores em diversos organismos. Diz-nos que os desafios à segurança alimentar são vários, desde a exposição das populações a desastres naturais, as alterações climáticas, a conflitos violentos ou a instabilidade política até à população mundial em crescimento. Temos um consumidor, como verdadeiro stakeholder, mais ativo e participativo. A importância dada pelo Estado ao setor da segurança alimentar tem vindo a aumentar, ajudada pelo facto de estarmos inseridos num mercado global. Os trabalhadores são determinantes para a promoção da segurança alimentar.  Ainda há muito a fazer nas empresas com fracos recursos financeiros e as que têm uma rotatividade dos trabalhadores elevada. As ameaças pretendem-se com a evolução tecnológica acelerada e a dificuldade na respetiva fiscalização, assim como, marketing de produtos com a chancela de “saudáveis”, sem que o sejam. 

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Segurança Comportamental

A revista Segurança Comportamental é uma revista técnico-científica, com carácter independente, sendo a única revista em Portugal especializada em comportamentos de segurança.

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