Todos nós estamos sujeitos a qualquer tipo de risco elétrico, seja ele no ambiente de trabalho ou até mesmo no ambiente doméstico. Precisamos saber identificar o tipo riscos e as suas consequências, como por exemplo identificar os tipos de choque e suas principais causas.
Este artigo está vocacionado inteiramente para a segurança dos trabalhadores do setor de energia elétrica. O artigo objetiva explicar os cuidados com a eletricidade baseando-se nas normas brasileiras (NR 10 e NBR 5410). Estas normas são obrigatórias para profissionais da área elétrica e são direcionados a prevenção de riscos desses profissionais. As empresas devem promover conhecimento técnico e comportamental aos seus trabalhadores.
O artigo mostra, além da conscientização da prevenção de riscos elétricos, alguns dados importantes coletados pela pesquisa bibliográfica para comparar a situação do Brasil com outros países.
Choque estático e choque dinâmico
A eletricidade pode matar. Estatísticas realizadas nos Estados Unidos mostram que em média 1.000 pessoas morrem por ano, devido a acidentes ocorridos por choque elétrico e no Brasil, uma média de 132 mortes por ano, pelo mesmo motivo (Maragão et al., 2011).
Para entendermos os riscos, precisamos saber primeiro, que tipos de choques elétricos existem. Estes podem ser dividido por duas categorias: estático e dinâmico.
O choque estático ocorre através da descarga de um capacitor presente nos mais variados equipamentos no qual o ser humano convive, podendo ser, por exemplo, através da estrutura externa de um automóvel.
O choque dinâmico ocorre através de contato com um elemento energizado, como por exemplo, se um profissional da área elétrica se encostar na fase de uma tomada, sem proteção e em contato com o solo, sendo esta uma fonte de aterramento.
Em conformidade na norma brasileira Nº 5410 - NBR 5410 encontram-se as medidas de proteção contra choques elétricos: no qual as partes energizadas de instalações elétricas, e que massas condutivas, não devem oferecer risco algum. Caso aconteça uma falha, deverá ser feita uma manutenção urgente.
Podemos prevenir as consequências do choque da corrente elétrica por meio de alguns fatores:
- Aumentando a resistência do calçado;
- Diminuindo a resistência do aterramento da instalação elétrica;
- Outras medidas, como por exemplo a isolação básica dos componentes e limitação da tensão elétrica.
Descarga atmosférica
As descargas atmosféricas, também conhecidas popularmente como “raio”, podem provocar queimaduras, sequelas e até a morte. Consequentemente poderá ocasionar a queima total ou parcial de aparelhos eletrônicos, reduzindo a vida útil desses componentes.
A descarga atmosférica é dividida em duas categorias:
- Descarga direta, no qual o raio atinge diretamente a rede elétrica ou telefônica, e;
- Descarga indireta, no qual o raio atinge certa distância da rede elétrica.
Para prevenir danos trágicos originados pela descarga atmosférica, podemos assumir os seguintes cuidados:
- Evitando o uso de telefones com fio;
- Não estando em lugares úmidos;
- Evitando a realização de serviços com eletricidade interno e externo;
- Instalar terminais aéreos, conhecidos também como “para-raios” e barras de aterramento, feitas de cobre.
"Uma das causas dos acidentes de trabalho, no setor elétrico é: “(…) - Atos inseguros, devido a problemas familiares, falta de consciência de risco, problemas com o chefe ou colegas, e até determinadas brincadeiras no local de trabalho, que possam retirar a atenção à execução das tarefas.”
Causas de acidentes de trabalho no setor elétrico
Os acidentes de trabalho no setor elétrico são causados essencialmente pelos seguintes motivos:
- Contato direto, tendo interatividade com partes vivas do circuito elétrico;
- Contatos indiretos, devido ao contato com parte metálica energizada, possivelmente por uma falha de isolamento;
- Condições de trabalho deficitárias, provenientes de uma área de trabalho com falta de limpeza, falta de proteção nas máquinas e proteção individual, e ausência de sinalização;
- Atos inseguros, devido a problemas familiares, falta de consciência de risco, problemas com o chefe ou colegas, e até determinadas brincadeiras no local de trabalho, que possam retirar a atenção à execução das tarefas.
Algumas regras e procedimentos
As regras e procedimentos de segurança podem ser:
- Desenergização da instalação elétrica, mediante os procedimentos de seccionamento, que é feito na maioria das vezes pelo desligamento de um disjuntor, sempre num corte visível;
- As tarefas, neste setor, devem ser executadas sempre por dois profissionais;
- Cumprimento das regras de impedimento de reenergização, no qual o trabalhador deverá travar a manopla dos disjuntores por cadeados ou lacres, visando uma maior segurança;
- Aterramento temporário, com a função de ligar eletricamente circuitos a um mesmo potencial;
- Cumprir a autorização de trabalho, o profissional deverá solicitar uma autorização formal;
- Inspeção dos dispositivos utilizados e obedecendo a normas específicas de concessionária ou empresa;
- Instalação de sinalização, tanto luminosa no painel ou por placas indicativas para impedimento de reenergização.
O cumprimento dos procedimentos remete-nos para o conceito comportamental, da disciplina e do rigor. A empresa deverá dar formação sobre conhecimento técnico, mas também deve apostar fortemente na fomentação de valores e comportamentos que sejam a base do cumprimento rígido do procedimento.
Tipos de aterramentos
Um aterramento é um sistema composto por uma viga cravada na terra conetado por um fio que percorre toda a casa ou parte dela. O aterramento tem como objetivo diminuir a variação da tensão elétrica, eliminando as fugas de energia e protegendo as pessoas de um possível choque elétrico.
Segundo a norma brasileira (NBR 5410), os tipos de aterramento, nesse caso são categorizados por esquemas são:
- Esquema TNS (T= “Terra”, N= Neutro, S=Separação), onde o condutor neutro e o condutor de proteção são separados por toda a instalação;
- Esquema TNCS (T= “Terra”, N= Neutro, C=Condutor único, S=Separação), onde o condutor de proteção e o neutro são combinados em um único condutor em uma parte separada da instalação;
- Esquema TNC (T= “Terra”, N= Neutro, C= Condutor único), que segue função semelhante ao esquema anterior, diferenciando apenas a questão que o único condutor utilizado percorre toda instalação;
- Esquema IT (I= Impedância, T= “Terra”), que não possui ponto de alimentação diretamente aterrado, onde são aterradas apenas as massas da instalação;
- Esquema TT (Neste caso, TT= Aterramento duplo), inverso do esquema anterior, que possui um ponto de alimentação diretamente aterrado, onde simultaneamente as massas da instalação são ligadas a elétrodos de alimentação distintos aos de aterramento.
Conclusão
A formação neste setor de risco elevado mostra-se muito importante. Em primeiro lugar os trabalhadores expostos a este risco eletrico devem conhecer bem os perigos e os riscos da sua atividade. Se os conhecerem, assumem uma consciência e uma percepção mais elevada, o que se irá repercutir-se nos resultados. Prova disso, temos os dados estatísticos recentes no Brasil que mostram que os acidentes de trabalho mortais no setor elétrico decresceram aproximadamente 43,9% (58) em relação ao ano de 2009 (Fundação COGE, 2012), devido à obrigatoriedade do curso de NR 10. Desta forma, o Brasil torna-se líder da América do Sul no conceito segurança com riscos elétricos.
Referências Bibliográficas:
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997). Norma Brasileira – NBR 5410, instalações elétricas de baixa tensão, Brasil. ABNT.
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004). Norma Brasileira – NBR 5410, instalações elétricas de baixa tensão, Brasil. ABNT.
Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (2012). Estatística dos acidentes de origem elétrica, levantados pela Abracopel a partir dos dados colhidos no alerta de notícias do Google. Disponível em: http://www.abracopel.org/wp-content/uploads/2012/02/Grafico-Estat%C3%ADstica-2012.pdf. [Consultado em 15 de Março de 2014].
Fundação COGE. Estatísticas de acidentes no Setor Elétrico Brasileiro, Relatório de 2012. Disponível em: http://www.funcoge.org.br/csst/relat2012/pdf/br/ste/quadro_geral.pdf. [Consultado em 15 de Abril de 2014].
Maragão, R. V. Q; Guimarães, H. P; Lopes, R. D. (2011). Lesões por choque elétrico e raios, 06. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2011/v9n4/a2188 [Consultado em 04 de Maio de 2014].
NR 10 (2004). Segurança em instalações e serviço de eletricidade. Ministério do Trabalho e Emprego. Brasil. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D308E216601310641F67629F4/nr_10.pdf. [Consultado em 10 de Fevereiro de 2014].